Entrevista com o brasileiro finalista do Design Lab 2012


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Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Imagine ser um jovem de 21 anos e ter seu trabalho selecionado em um importante concurso internacional de design? Alexandre de Bastiani acabou de experimentar essa sensação: criador do Spummy, ele é o único conceito brasileiro a integrar os finalistas do concurso global Design Lab 2012. Confira a entrevisa com o designer:
O que te motivou a participar do Design Lab?
Alexandre de Bastiani: Quando conheci o concurso, em 2009, tracei uma meta. Essa meta consistia em ser o vencedor do Design Lab algum dia. Em 2010, eu participei pela primeira vez, fiz um projeto junto a uma amigo, porém não fomos selecionados. Fiquei um pouco frustrado e não tentei em 2011. Mas esse ano, justamente no ano em que o concurso abriu espaço para recém-formados, caí de cabeça.
"Eu não queria simplesmente dar aquele toque de requinte no produto, queria algo mais"
Como você ficou sabendo do concurso?
Alexandre: Então, eu conheci o concurso pois um designer brasileiro que eu admiro muito, o Kleber Puchaski, foi finalista em 2006 com seu projeto Hydrosphere, uma pequena estufa iluminada para o plantio de ervas aromáticas. Como eu admiro toda a trajetória dele na profissão, ele me serviu de exemplo.
Qual foi o maior desafio para você dentro da proposta deste ano do Design Lab?
Alexandre: Eu pensei o seguinte: Como inserir experiências sensoriais da alta gastronomia na vida de pessoas comuns? Eu não queria simplesmente dar aquele toque de requinte no produto, queria algo mais, queria que o produto oferecesse um benefício para a vida das pessoas, para o meio ambiente, para o planeta. Esse foi o principal desafio.
Ajudar as pessoas que gostam de cozinhar, mas que dispõem de pouco tempo livre, e, num futuro onde os recursos estarão mais escassos, evitar o desperdício de comida, de ingredientes.
Daí surgiu a ideia do Spummy?
Alexandre: Sim, o Spummy veio dessas indagações. Uma grande inspiração para a criação do conceito foi o filme Ratatouille. Duas frases bem marcantes do filme me fizeram ter insights: "Qualquer um pode cozinhar" e "Cada sabor é totalmente único, mas quando dois sabores são misturados, algo novo é criado" e a partir dessa segunda frase que veio a ideia de desenvolver um produto que simulasse qualquer combinação de sabores imaginável.
Por meio de espuma saborizada?
Alexandre: Exatamente, o uso do produto é bastante intuitivo. Através de uma interface projetada na superfície onde o produto se encontra, o usuário pode criar a sua receita fazendo as combinações que ele quiser. Quando decidir experimentar uma combinação, o Spummy "fabrica" uma espuma comestível que contém o sabor, o aroma e, quando em contato com a língua, a textura do alimento criado. E para criar essa espuma, a única coisa necessária é água.
Diferentemente do que as pessoas podem pensar, essa espuma não tem caráter nutricional. O objetivo é experimentar. Assim, o ato de cozinhar, que é o que realmente interessa, ficará facilitado. Afinal, com a receita criada e o sabor comprovadamente satisfatório, cozinhar se torna mais fácil. A pessoa não tem o medo de errar na receita e, consequentemente não desperdiça ingredientes.
Em quanto tempo, você imagina que uma tecnologia como o Spummy deve chegar a casa das pessoas
Alexandre: Ao contrário do que aparenta, é para um futuro relativamente próximo. Interfaces projetadas em qualquer superfície já existem e a nanotecnologia já foi comprovada em diversos setores da indústria. Talvez daqui a uns 20 anos teremos Spummys nas nossas casas.
Explica melhor como funcionaria a simulação da textura dos alimentos em contato com a língua. Como seria isso?
Alexandre: Como estamos trabalhando sobre uma hipótese de futuro, achei interessante acrescentar a essa espuma, além de sabor, aroma e textura. A nanotecnologia permitirá isso. A espuma será inteligente o suficiente para, quando entrar em contato com a língua da pessoa, se configurar na textura daquele alimento criado. A interface será completa, tendo, além de ingredientes, formas de preparação (cozido, frito, assado), quantidade de temperos (sal, açúcar, pimenta, etc). A pessoa só precisa soltar a criatividade.
Você disse se inspirou em Ferran Adrià, o inventor da espuma com sabor, para criar o Spummy. Você tem conhecimentos em gastronomia? Gosta de se aventurar entre as panelas?
Alexandre: Olha, eu me inspirei, em partes, em mim mesmo para criar o Spummy. Eu gosto muito de cozinhar, adoro fazer isso com a minha namorada. Mas eu não sou conhecedor. Eu uso da criatividade, vou criando coisas. Mas eu confesso que tenho aquele medo de errar na receita e perder todos os ingredientes.

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