Reconstrução facial de Carl Feigenbaum baseada em um formulário de admissão em Sing Sing. Cortesia: Trevor Marriott.
Segunda, 19 de setembro de 2011
Por Rossella Lorenzi
Cabelos finos com olhos cinzentos encovados e um nariz grande e avermelhado: esta é a provável aparência de Jack, o Estripador, talvez o assassino mais famoso da história, segundo uma nova pesquisa nos arquivos de documentos da polícia britânica.
O detetive aposentado Trevor Marriott reuniu evidências e montou um caso contra Carl Feigenbaum, um marinheiro alemão de 54 anos, tornando-o o principal suspeito de cometer os famosos assassinatos entre agosto e novembro de 1888.
Na época, ao menos cinco mulheres da região de Whitechapel, em Londres, foram encontradas terrivelmente desfiguradas e sem os órgãos internos.
O nome Jack, o Estripador, foi cunhado em cartas sinistras enviadas à imprensa e à polícia na época, em que o criminoso assumia a autoria dos crimes.
A carreira do Estripador acabou tão subitamente como começou e ele jamais foi preso, o que o transformou em um dos serial killers mais misteriosos do mundo.
Desde o primeiro assassinato, há 123 anos, foram apontados mais de 200 suspeitos, incluindo Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas, o Príncipe Albert Victor e Sir John Williams, obstetra da Família Real.
Segundo Marriott, há diversos fatores que apontam para o obscuro marinheiro alemão.
"Por exemplo, ele matou uma mulher com o mesmo modus operandi, usando uma faca de lâmina longa, que sempre levava consigo, o mesmo tipo usado para matar as vítimas de Whitechapel”, explicou Marriott ao Discovery Notícias.
O homicídio ocorreu em Manhattan, e a mulher era sua senhoria, Juliana Hoffman.
Pelo assassinato brutal, Feigenbaum foi para a cadeira elétrica em Nova York, em 1896.
Marriott iniciou sua investigação analisando grupos de pessoas que estariam em Whitechapel na época dos assassinatos.
Como o distrito fica a pouca distância das docas de Londres, marinheiros foram incluídos no grupo de suspeitos.
As listras de tripulantes dos navios que estavam no porto à época revelaram que Feigenbaum, que já figurava em uma lista de 200 suspeitos, estava em Londres na época de cada assassinato.
"Ele era marinheiro da The Nordeutcher Line, que tinha um navio ancorado em Londres nas mesmas datas de todos os assassinatos”, disse Marriott.
O ex-detetive também descobriu um relatório de 1896, do periódicoNational Police Gazette, no qual o advogado de Feigenbaum detalha uma confissão feita por seu cliente na prisão de Sing Sing.
"Durante anos, sofri de uma doença singular, que induzia uma paixão arrebatadora; essa paixão se manifestava em um desejo de matar e mutilar as mulheres que cruzassem meu caminho. Nesses momentos, sou incapaz de me controlar”, confessou.
Não existem fotografias de Feigenbaum, mas Marriott montou um retrato falado com base em uma descrição do detento enquanto esteve preso nos Estados Unidos.
Segundo o formulário de admissão da penitenciária de Sing Sing, ele possuía olhos cinzentos e encovados, cabelos castanho-escuros e uma “cabeça de tamanho mediano”.
Com 1,65m de altura e 57 quilos, tinha um nariz grande e vermelho, com espinhas e dentes estragados, que já haviam caído quase completamente do lado esquerdo.
O funcionário da prisão também notou que ele tinha uma “tatuagem de âncora na mão direita, na base do polegar” e "uma cicatriz ou marca de nascença redonda na perna direita, abaixo do joelho esquerdo”.
Devido à precisão cirúrgica das mutilações, acreditava-se que o sorrateiro assassino possuía grandes conhecimentos de anatomia humana.
Entretanto, Marriott argumenta que a remoção dos órgãos das mulheres ocorreu no necrotério, já que a Lei da Anatomia de 1832 proibia a remoção de órgãos para treinamento médico.
A teoria se apoia em documentos sobre a quarta vítima, Catherine Eddowes. Eles indicam que se passaram apenas 14 minutos entre o momento em que a polícia patrulhava a praça em que a vítima foi morta, e a descoberta de seu corpo.
Para Marriott, era praticamente impossível que o assassino conseguisse matar a mulher e depois remover o útero com precisão cirúrgica, em um período de tempo tão curto e na escuridão quase total.
"No começo, pensei que Carl Feigenbaum fosse o serial killer”, afirmouu Xanthe Mallett, antropóloga forense da Universidade de Dundee, que revisou o caso e falou sobre ele em um programa da BBC One.
Posteriormente, Mallet admitiu que as novas evidências talvez comprovassem que os assassinatos foram todos cometidos pela mesma pessoa, e que “Feigenbaum pode ter sido responsável por um, e talvez, por todos eles”.
"Os crimes podem ter ocorrido há mais de 120 anos, mas mesmo que revisão tenha lançado uma nova luz sobre eles, sem dúvida este caso ainda não foi solucionado”, afirmou Mallett.
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