20.05.2011
Stephen Hawking: o céu não existe
Por Ian O'Neill
Sexta, 20 de maio de 2011
E o mundialmente famoso físico britânico Stephen Hawking acabou dizendo que não acredita no “céu” ou na vida após a morte. Quando morrermos, nossos cérebros param, e depois... acabou.
A morte, segundo Hawking, é ainda pior do que imaginávamos. Nada de portões dourados, renascimento ou anjos tocando harpas nas nuvens. Essas histórias sobre o que acontece após a morte são apenas “contos de fadas”, afirmou Hawking ao jornal inglês The Guardian em uma entrevista recente.
Mas essa opinião seria assim tão surpreendente?
Em setembro do ano passado, eu brinquei chamando Hawking de “encrenqueiro” depois da publicação de seu livro, The Grand Design. Nele, ele corta “Deus” da equação da criação do Universo. "Como existe uma lei como a da gravidade, o Universo pode e irá criar a si mesmo a partir do nada. A criação espontânea é a razão para existir algo em vez do vazio, e por isso o Universo existe e nós existimos”, escreveu ele.
Nesta nova entrevista, Hawking voltou a cutucar a onça com vara curta ao dizer: "Considero o cérebro como um computador que irá parar de trabalhar quando seus componentes falharem. Não existe céu ou vida após a morte para computadores quebrados; isso é um conto de fadas para pessoas que têm medo do escuro”.
Naturalmente, a declaração causou nova celeuma, irritando quem acredita que Hawking não deveria se imiscuir em questões religiosas. Stephen Green, diretor do grupo Christian Voice, declarou ao Cambridge News que “a comparação com um computador desligado revela um homem que só é capaz de pensar de forma materialista”.
Em vez de debater se o Céu, o Inferno, Deus ou o Chupa-Cabra existem, por que Hawking (mais uma vez) está agitando um pano vermelho diante do touro religioso?
Para começar, ele diz que não teme a morte, já que viveu à sombra desta ameaça por quase meio século depois de ter sido diagnosticado com uma doença neurológica debilitante aos 21 anos de idade. "Vivi sob a perspectiva de uma morte precoce durante os últimos 49 anos. Não tenho medo da morte, mas não tenho pressa de morrer. Tenho tantas coisas para fazer antes disso”, comentou. Diante da gravidade de sua doença, Hawking não precisa esperar pelo Céu para se sentir melhor.
Famoso por seu trabalho pioneiro em física teórica, Hawking falou no evento Google Zeitgeist em Londres, na segunda, para responder à questão: "por que estamos aqui?"
Em sua apresentação, Hawking discutiu as flutuações quânticas nos primórdios do universo, que se tornaram as sementes a partir das quais tudo o que existe se formou. Para Hawking, não é preciso haver um “criador” onipresente para formar o universo em que vivemos. Do Big Bang aos dias de hoje, a ciência pode explicar como chegamos até aqui. Não existe um “porquê”; estamos aqui por acaso, e nada mais.
"A ciência prevê que muitos tipos diferentes de universo serão espontaneamente criados a partir do nada. Estamos aqui por força do acaso”, declarou ao Guardian.
Essencialmente, Hawking baseia seu argumento na Teoria-M, uma extensão da teoria das cordas, que especula sobre a existência de 11 dimensões; nossa dimensão espaço-tempo de quatro dimensões, portanto, seria apenas uma parte da história. O primeiro passo para provar as bases da Teoria-M pode vir do Grande Colisor de Hádrons (LHC), que pode vir a descobrir partículas supersimétricas.
Embates com a religião não são novidade, e obviamente Hawking causou alvoroço. Entretanto, religião e ciência são coisas muito distintas. A fé não precisa de provas da existência de Deus, do Céu ou do Inferno. A religião é uma estrutura de crenças: nenhuma matemática pode contestar a fé, e nenhuma fé pode provar que um deus existe.
Se Hawking pôde com tanta facilidade refutar a existência do Céu usando equações aborrecidas, por que o Céu não poderia simplesmente ser acomodado nas equações para existir? "Hawking se dispõe a discutir a Teoria-M, na qual o universo teria 11 dimensões. Por que então ele não teria uma décima-segunda dimensão espiritual?”, questiona Green.
Como podem ver, ciência e religião muitas vezes misturam-se tão bem quanto óleo e água.
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