Caminhoneiros combatem tráfico sexual de mulheres


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Os caminhoneiros estão literalmente em uma encruzilhada. Eles veem e ouvem de tudo, incluindo meninas menores de idade sendo obrigadas a se prostituir. Uma instituição não-governamental está capacitando milhões de motoristas de caminhão a combater o tráfico sexual nas estradas nos Estados Unidos.
“Eles presenciam coisas que grande parte do público não vê”, afirma Kendis Paris, diretora da Truckers Against Trafficking (Caminhoneiros Contra o Tráfico).
A organização treina membros da comunidade de caminhoneiros para prestar atenção a movimentos suspeitos, como vans repletas de garotas jovens ou conversas sobre menores de idade. Eles são incentivados a ligar para a linha de denúncias anônimas da polícia e do Centro Nacional de Recursos sobre Tráfico Humano, dirigido pelo projeto Polaris, com sede no Distrito de Colúmbia.
Ao ligar para o centro, as informações são enviadas a um delegado da divisão de tráfico humano, que então abre uma investigação, explica Paris. A ONG também distribui cartões com perguntas que os caminhoneiros podem fazer se desconfiarem que há algo errado. “Ouvimos caminhoneiros relatarem conversas em que as meninas literalmente caem em prantos, dizendo: ‘me ajude’”, relata Paris. “Elas apontam para o carro no estacionamento e dizem, ‘não posso fugir’”.
Paris decidiu fundar a organização depois de ler o livro “Not for Sale” (Não estou à venda), de David Batstone, sobre o tráfico mundial de escravos. Perturbada e disposta a agir, ela foi a um evento em que o palestrante discutia o treinamento de frentistas para denunciarem o tráfico sexual em postos de parada de caminhões. Paris, que se descreve como uma “mulher de fé”, fundou a Truckers Against Trafficking com sua irmã e sua mãe em 2009.
Embora seja difícil medir seu impacto, Paris afirma que o projeto Polaris recebeu 200 ligações de caminhoneiros em 2011, e este ano, já chegam a 190. Entre trinta tipos de denunciantes, os caminhoneiros ocuparam o oitavo lugar na comunicação de potenciais situações de tráfico humano.
Diversos grupos estão se associando à Truckers Against Trafficking. Este mês, a Associação Americana de Transporte Rodoviário anunciou uma parceria formal com a instituição para ampliar a conscientização sobre o problema. Mas os riscos continuam altos. Paris cita uma estimativa do Departamento de Justiça: entre 100 mil e 300 mil crianças em todo o país correm o risco de cair nas mãos do tráfico sexual. “São crianças americanas”, alerta Paris.

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