O apresentador de astronomia da BBC, Mark Thompson, esquece o duro treinamento dos astronautas e reflete sobre como podemos nos divertir no espaço.
Foto: O astronauta Stephen K. Robinson, especialista da missão STS-114, preso à Estação Espacial Internacional em 2005 (NASA). Crédito: NASA.
Por Mark Thompson
Quarta, 27 de julho de 2011
Eu sei que é difícil e é preciso ser muito inteligente para ser umastronauta, mas acho que estou à altura do desafio.
Eu li um monte de livros sobre o assunto e acho que tenho a Coisa Certa. Eu estava assistindo aos preparativos para o lançamento do STS-135, quando o Atlantis estava prestes a protagonizar o último lançamento de um ônibus espacial, e parecia que os astronautas levavam tudo numa boa. Eles tinham até alguém para apertar os cintos de segurança! Eu andei pedindo a algumas pessoas que ajustassem o meu cinto no carro para já ir treinando.
A verdadeira razão para eu sonhar em me tornar um homem do espaço é poder flutuar lá em cima. Parece loucura, mas é me atrai muito.
É claro que a realidade da vida de um astronauta é bem diferente. Uma vez no espaço, eles enfrentam uma série de desafios, tanto físicos como psicológicos, sem falar na experiência da ausência de peso, uma coisa que todo mundo associa às viagens espaciais.
Mas antes de entendermos o que causa a ausência de peso no espaço – ou mais precisamente, a “microgravidade” –, vejamos um pouco de física.
Cada objeto, com poucas e estranhas exceções, possui “massa”. De fato, a massa é o termo que define quanta matéria compõem um objeto, e independentemente de você estar na Terra, flutuando no espaço ou sentado no poderoso Júpiter, sua massa permanece constante. É um termo bem diferente da palavra que descreve o quão pesado você é: seu “peso”. O peso é determinado pela aceleração (por exemplo, a gravidade) que age sobre sua massa. Então, na Lua, onde a gravidade é menor do que na Terra, você pesará menos (mas sua massa permanecerá a mesma).
Quando estamos em órbita ao redor da Terra em uma espaçonave, parece que estamos flutuando. Na realidade, você está despencando em direção à Terra, em queda livre! Provavelmente será preciso explicar um pouco mais, então preciso que você se imagine atirando uma bola horizontalmente.
Quando a bola deixa sua mão, seguirá uma trajetória curva para baixo em direção à superfície da Terra, já que a gravidade terrestre atua sobre sua massa. Se jogar com mais força, ela viajará mais longe, mas ainda fará uma curva para baixo e acabará batendo no chão.
Agora, lembre-se de que a Terra é uma esfera. Se você pudesse atirar a bola com força suficiente, ela seguiria uma trajetória curva, caindo em direção à superfície da Terra, mas ao mesmo tempo, na mesma proporção, a superfície da Terra se curvaria para longe dela. A bola jamais aterrissaria. Se você estivesse dentro da bola, cairia juntamente com a bola. Você pareceria estar flutuando – ou tecnicamente, “caindo com estilo”.
É exatamente o que acontece a qualquer objeto em órbita ao redor de outro: do ônibus espacial em órbita ao redor da Terra, à Terra em órbita ao redor do Sol – a dinâmica orbital dos planetas é um pouco mais complicada, mas o princípio é o mesmo.
Se você já teve coragem suficiente para saltar de paraquedas, a experiência e a sensação seria semelhante à uma queda livre que durasse seu tempo em órbita (sem a resistência ao vento, é claro). Deve ser uma experiência incrível estar em “queda livre” ou não sentir seu peso durante vários dias, em alguns casos até semanas e meses, mas ela implica desagradáveis efeitos colaterais, o menor deles sendo o desgaste dos músculos. Os astronautas são obrigados a cumprir uma rotina muito rigorosa de exercícios enquanto estão em órbita para tentar minimizar os efeitos adversos no corpo.
É claro que conseguir um emprego de astronauta exige um nível incrível de condicionamento físico e habilidade mental, sem falar em uma constituição de ferro.
Pensando bem, talvez não seja o trabalho perfeito para mim. Afinal, nunca vi uma cafeteria no espaço!
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